sábado, 29 de dezembro de 2012

UFG EM VÁRIOS ÂNGULOS 2

Goiânia - Ano III - 121

Olá Químicos e Agregados.



Mais umas fotos das andanças no Campus II da UFG. Tiradas do meu celular, que também toca música, acessa internet e, sim, às vezes até possibilita falar com outras pessoas. Às vezes tenho a impressão que celulares foram feitos para isso. Ah, bobagem.... Em tempo: Descobri que em alguns navegadores, se clicar em cima da foto, ela aumenta...


Próximo a entrada Sul

Visão de Goiânia.

Por do Sol do Cerrado. Insisto: um dos mais bonitos que já vi...

Árvores típicas do cerrado...

Rumando para a entrada Sudeste, a da guarita...essa chuva eu peguei antes de chegar em casa...


Próximo a Guarita...

Auto explicativa.

Entrada Nordeste.

Caminho da Casa do Estudante para o ICB IV

Chegando em casa...Lá no fim, depois da placa amarela...



sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

SEXTA FEIRA DA CANÇÃO XVI

Goiânia - Ano III - 120


Em homenagem ao fim do mundo que não veio, duas musiquinhas legais:



The End do The Doors, tudo a ver, né? Pena que o mundo não acabou. E a segunda é Rocket Man, do Elton John, baseada em um livro do Ray Bradbury, sobre um astronauta dedicado ao emprego de ser astronauta e a solidão do espaço...



Deliciem-se.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

EM RELAÇÃO A CARREIRA CIENTÍFICA

Goiânia - Ano III - 119

Olá Químicos e Agregados.

Pois é. Li esse post aqui, ó. É da professora Suzana Herculano-Houzel, neurocientista da UFRJ. Esse texto anda circulando nas redes sociais com uma quantidade grande de gente concordando e uma minoria bem minoritária (desculpem-me, não resisti) discordando de grande parte do texto. Bom, como devem saber, eu estou nessa minoria. Leia o texto lá e depois voltem aqui. Vamos às discordâncias. Esse texto vai ficar um pouco longo, mas, paciência.

Definitivamente, fazer carreira na área científica no Brasil pode até ser difícil, mas não é uma coisa que cause "espanto ou revolta", como ela diz. Vamos a algumas discussões.

Observemos a Iniciação Científica. A professora argumenta que a molecada ganha em torno de 400 reais, que isso é muito pouco, é menos que um salário mínimo. Mas ela talvez tenha esquecido de dizer que são 400 reais por 12 horas de trabalho semanais. Se o menino ou menina trabalha mais do que isso, o orientador está de fato, explorando o coitado ou coitada. Aliás, existem várias maneiras de explorar os meninos no laboratório. O termo Iniciação quer dizer algo relativo a iniciar a molecada na ciência. E para isso, tem-se até uma bolsa. Iniciação não é mão de obra barata. É aprendizado, acompanhamento de perto das atividades dos caras, ensinamentos. Bolsista de IC não é estagiário. Não penso a Iniciação Científica como um estágio, mas como uma iniciação a pesquisa e ao desenvolvimento. Estágio está mais relacionado a treinamento.

Faltam bolsas? Faltam, mas não é uma questão relativa a pesquisa e sim a própria estrutura da universidade que temos e a grande desigualdade social do Brasil que não se resolverá nos próximos 50 anos. Não vejo que os meninos que "trabalham" no laboratório sem bolsa, estão fazendo isso "de graça". Ele é voluntário. Está ali por que quer. Terá a chance de iniciar-se na pesquisa e poderá ter trabalhos e artigos com o seu nome. Cabe ao orientador não exigir desse sujeito dedicação total a pesquisa, 12 horas de trabalho, fim de semana dedicado, essas coisas. Mas é muito importante que tenhamos voluntários nos laboratórios até para saber se é isso mesmo que o sujeito quer da vida. 

Essa cara poderia ser remunerado? Claro que poderia, mas dizer que isso é uma tragédia e que é vexaminoso, penso ser um exagero. Importante salientar que essa prática é muito comum em vários países do mundo, inclusive em grandes universidades. Nunca haverá bolsa pra todo mundo. Em lugar nenhum.

Carreira científica é questão de escolha. Você sabe que a bolsa de mestrado é de 1350, que a de doutorado é de 1800, que cê não contribui pra previdência, que não tem carteira, não tem direito trabalhista etc e tal. Você sabe que se tivesse escolhido Engenharia, Advocacia entre outras profissões, estaria, nesses 7 ou 8 anos (mestrado e doutorado) que fez a pós ganhando horrores, rachando de ganhar seus 5 mil, 7 mil ou mais de reais, certo? Certo. Então é simples. Faça engenharia ou advocacia. A questão é de escolha, é de gosto, é de prazer. Quer ganhar dinheiro, tá na profissão errada. Mesmo porque, no mestrado, você recebe praticamente 2 salários mínimos para estudar e no doutorado, 3 salários mínimos para o mesmo fim.

Pessoal, por favor, não me venha dizer que fazer mestrado e doutorado é difícil, cansativo, que você trabalha todo dia as 8 horas completas, que comparece todo dia no laboratório, etc e tal que sei que é mentira. Pode me xingar a vontade, mas cursar pós graduação em qualquer laboratório NÃO é a mesma coisa de trabalhar 44 horas por semana na profissão que você escolheu. É muito mais simples e com menos responsabilidade.

Bom, aí ela continua a fazer comparações entre estudantes de pós e seus amigos que já estão no mercado de trabalho, rachando de ganhar dinheiro, e você, lá, pobrão da vida! Coitado de você que fez essa opção, né? Estava enganado o tempo todo. Depois ela fala que você enfim, após acabar o doutorado, vai para o mercado de trabalho, que são as universidades e que elas contratam professores e não pesquisadores.

Ora, a maior vantagem das universidades públicas no país é o tripé ensino, pesquisa e extensão. Você terá aulas com pesquisadores e os exemplos que eles podem ou não dar em sala de aula tem relação com suas pesquisas. Esse é um dos aspectos que diferenciam as universidades públicas das particulares. Se o cara acaba o doutorado e nunca deu aula na vida dele, aí, sim, temos um problema. Como um sujeito que irá ministrar aulas em nível superior nunca deu aulas  na sua vida? Esse é o problema que temos que atacar, considerando-se que a boa pesquisa se produz na universidade. Vejam bem, temos que remediar um problema e não atacá-lo como se isso fosse ruim para a universidade. Não é. Professor Universitário tem que dar aula, além de fazer sua pesquisa. É importante para ele, para sua pesquisa e para o país. Se tivéssemos somente institutos de pesquisa, nos quais os grandes pesquisadores não ministrariam aulas, as universidades periféricas do país ficariam com o que? Não fariam pesquisa? Formariam somente mão de obra? Penso que, talvez, por trás dessas falas da professora sobre a necessidade de termos cargos de pesquisador no Brasil, dentro das universidades está travestida dessa ideia, da qual, como podem ver, não concordo.

Depois ela fala que você não ganha um centavo a mais para produzir ciência no Brasil. Uai, você é contratado para fazer pesquisa, ensino e extensão, então, já tá incluso no pacote salarial. Não entendi. Talvez ela esteja se referindo ao fato de que não ganhamos nenhum centavo a mais por orientarmos 8 mestrandos e 6 doutorandos além dos alunos de IC. Mas, não existe obrigatoriedade aí, não. Eu posso orientar um mestrando e um doutorando. Na hora da redução do trabalho na universidade todo mundo quer cortar a carga horária de aula, mas ninguém pensa em diminuir as orientações. Engraçado, né? Ou seja, o cara quer ser apenas pesquisador. Ponto. Essa não é nossa realidade. Grandes pesquisadores internacionais não deixam de ministrar suas aulas na graduação. Simples assim.

E vai dizer que tá faltando vaga para doutor no Brasil, hoje? É até engraçado. O problema, que talvez ela não tenha se atentado, é que muitos caras acabam o doutorado, recém doutores, querem ficar no sudeste, nos grandes centros. Ninguém quer sair da zona de conforto. Ninguém quer fazer ciência de fato fora do sudeste. Ninguém quer abrir caminhos. Ninguém quer fazer o país crescer. Uma quantidade grande de doutores ficam fazendo pós doutorado enquanto uma série de universidades PÚBLICAS no Brasil não preenchem suas vagas por falta de candidato doutores.

Conheço alguns casos de recém doutores que saem do sudeste e começam a trilhar um caminho árduo em fazer ciência fora do eixo sudeste. Nenhum está insatisfeito, pois passam a sentir que estão colaborando para o crescimento do Brasil e estão nos locais onde se precisa de fato de gente que queira desbravar.

Finalmente, o salário. Não vou me alongar. Nosso salário é equivalente aos salários de professores-pesquisadores europeus e estadounidenses. Com poucas variações, para baixo e para cima.

Sinceramente, não acho que um recém doutor, que nunca deu aula, contratado em uma instituição pública, efetivo após 3 anos, garantido nos próximos 30, com no máximo 16 horas por semana de aula (professor do ensino médio ministra isso com os pés nas costas e para adolescentes!!!), sendo que a média nacional é de 10 horas aulas, ganhe pouco, ou que tenha que ganhar de fato, 15, 20 mil. Vejam bem, não é o doutor no Brasil que ganha relativamente pouco, são as outras profissões que não exigem título que ganham relativamente muito!!! Isso também é desigualdade social.

Salário inicial de um doutor no Brasil, líquido. Aproximadamente 6 mil e 200. Pouco? Não. Muito? Também não. Poderia ser mais? Ou os outros cargos, como os da Receita Federal poderiam ser efetivamente menos? Compatíveis com a função? Essa é a discussão.

Bem, me alonguei demais. Sintetizando, penso que a visão da professora, sem desmerecer sua grande contribuição a ciência no Brasil, não confundo uma coisa com a outra, ainda é um tanto positivista em relação ao papel do pesquisador na universidade e claro, à sua formação. 

O assunto é controverso, aceito críticas. Lembrem-se sempre de descer o bambu nas ideias e não na pessoa.

É isso.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

GRANDE ENGANO. BOM MARKETING.


Manaus - Ano III - 118

Olá Químicos e Agregados, 

Recentemente li uma reportagem na Folha de S. Paulo. Ela mostra que aumentou bastante a procura dos pais por escolas particulares com mensalidades que variam entre 300 e 500 reais. Li aqui.

Isso não é uma realidade só do estado de São Paulo. Acredito e conheço vários casos que mostram que isso acontece de alguma forma em todo o país. Como houve um substancial aumento da renda do brasileiro, principalmente aqueles das classes C e D que foram alçados a novos tipos de consumo, esse tipo de público começa a pensar em melhorar a educação de seus filhos e enxergam que a saída para isso está na escola particular.

Pergunto a vocês, agora. Está mesmo?

Não, não está. Como já disse algumas vezes e insisto em algumas de minhas aulas (meus alunos ouvem esse discurso todo o semestre, tenho mesmo dó deles). O que ocorre de fato, e não sou eu que digo isso, mas os dados do ENEM disponíveis no site do INEP, as notas da maioria das escolas nessa faixa de preço (entre 300 e 500 reais) NÃO são maiores do que as notas das escolas públicas, principalmente nos estado de Goiás, o qual pude me debruçar em alguns dados. O melhor é que em algumas cidades as escolas públicas são melhores, principalmente no interior do estado. Mesmo na capital, Goiânia, as notas de várias escolas públicas são melhores do que algumas particulares com mensalidades maiores do que 500 reais.

Não saberia dizer se essa é uma realidade nacional, por preguiça de olhar os dados dos outros estados. Alguém poderia fazer e postar nos comentários, por misericórdia desse pobre escriba.

Esses pais são verdadeiramente enganados pelo marketing agressivo das escolas particulares e da falácia comum que acabou por se alastrar na sociedade que a escola particular é efetivamente melhor do que a pública. Sei que há escolas particulares que obtêm grandes notas no ENEM, em maior quantidade do que as públicas, mas, é importante que se diga, as diferenças não são de fato significativas pela relação custo benefício. Será que vale mesmo a pena pagar quase 100 mil reais em três anos para ter 20% a mais de conhecimento? Vejam bem, estou falando das grandes escolas com mensalidades absurdas. Como já escrevi lá em cima, as outras, com mensalidades menores têm notas muito semelhantes às públicas.

Assim, especificamente no caso que estamos discutindo, os pais pagariam em três anos (36 x 500 reais) 18 mil reais, em média para que seu filho, de fato, não tenha nada mais do que teria em uma escola pública com a mesma nota no ENEM. Isso dá PROCON?

Repensemos. Não existe escola no Brasil, melhor que outra. Existem apenas escolas ruins, privadas ou não, públicas ou não.

É isso.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

E CHEGAMOS A 2 ANOS!!!

Goiânia - Ano III - 117.

Olá Químicos e Agregados.

Comemoramos, juntos, hoje, 2 anos do BLOG DO IQ UFG!!

Parabéns, principalmente a vocês que prestigiam essa tentativa de interação e opinião.

Como podem ver, começa acima o ano III.

Nesses dois anos, foram publicados 116 posts. O post mais acessado e comentado foi o que opinamos sobre o início da greve com mais de 3 mil pages views. Olha ele aqui.

Consequentemente, foi o mês (Junho de 2012) mais acessado no blog.

Até o momento foram aproximadamente 28 mil pages views. O que dá mais de 1000 por mês e mais de 30 por dia. Eita, olha o exercício para inflar o número, ehehehehehe. Os meus acessos não contam. Se contasse já estava na casa dos 40 mil.

De fato, não é um número grande de acessos, em comparação com blogs medianos. Mas por se tratar de um blog sem o compromisso de atualização diária, penso que é um bom número. E estou muito satisfeito com vocês, que de uma maneira ou de outra, sempre voltam para ler, gostar, detestar, debater e compartilhar.

Quanto ao debate, fico feliz com a repercussão, mesmo que negativa. E adoro críticas, desde que não sejam ofensivas. Várias pessoas já escreveram discordando de algumas coisas que escrevi, mas como foram educadas e não ofensivas, ficando no campo das ideias, elas valorizam o blog.

Assim, para os próximos anos, volto a insistir: critiquem, debatam, no nível das ideias, sem ofensas pessoais. Muitos fizeram várias ofensas sem se identificar. Fazer isso no anonimato é muito fácil e um ato covarde.

Sei que aquele que escreve um blog fica exposto a críticas. E não fujo disso. Críticas, positivas e negativas. Isso sim. Ofensas, não. A internet infelizmente propicia e permite o tipo de covardia aliada ao anonimato.

O comentário no blog é fácil. Há um campo no qual basta colocar o nome. Sem a necessidade de cadastro. Pode-se comentar como anônimo, mas nesse caso, peço que se identifique no corpo do texto.

No mais, é isso.

Para os próximos anos, tentarei mais interações, mais textos de outras pessoas, para que haja uma maior pluralidade de ideias. Quanto a mim, ainda tentarei manter uma escrita mais leve, menos rebuscada, mais comunicativa.

Espero mais anos de escrita e debate e que vocês voltem sempre e sempre e não se furtem de comentar, seja elogiando, seja "descendo o cabo do guatambu" sempre na civilidade.

Um mol de abraços a todos.
Sucesso para nós. Sempre.





domingo, 30 de setembro de 2012

AS PLACAS DO IDEB NA PORTA DAS ESCOLAS

Goiânia - Ano II - 116

Olá químicos e agregados.

Li hoje um artigo do Gustavo Iochpe, articulista da revista Veja, que versa, entre outras coisas, sobre uma proposta que ele mesmo fez a respeito de se colocar na frente de cada escola, uma placa com a nota do IDEB obtida por ela. O artigo é de alguns meses atrás. Os argumentos do moço estão aqui, para quem se interessar. 

O que eu acho disso? Você deve estar se perguntando. É claro e notoriamente evidente que sou contra. Mas o pior, é que alguns deputados federais compraram essa ideia e o projeto de lei que descreve essa aberração já está sendo/foi discutido na comissão de educação da câmara.

Primeiro, penso que seja importante você saber o que é o IDEB. Segundo o site do MEC:

"O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2007 para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino. O indicador é calculado com base no desempenho do estudante em avaliações do Inep e em taxas de aprovação. Assim, para que o Ideb de uma escola ou rede cresça é preciso que o aluno aprenda, não repita o ano e frequente a sala de aula. Para que pais e responsáveis acompanhem o desempenho da escola de seus filhos, basta verificar o Ideb da instituição, que é apresentado numa escala de zero a dez. Da mesma forma, gestores acompanham o trabalho das secretarias municipais e estaduais pela melhoria da educação. O índice é medido a cada dois anos e o objetivo é que o país, a partir do alcance das metas municipais e estaduais, tenha nota 6 em 2022 – correspondente à qualidade do ensino em países desenvolvidos."

Copiei diretamente do site do MEC.

Vamos aos meus argumentos para ser contrário a isso:

1) Vejam, um dos critérios é uma nota obtida pelo estudante em uma prova escrita elaborada pelo INEP que é geral e igual para todo o país. A prova não considera as realidades locais nem as idiossincrasias dos grupos de cada uma dessas escolas;

2) Considera também as taxas de reprovação. Ora, sabemos que vários são os fatores que levam a reprovação dos alunos. Mas em nosso país e em se tratando de escolas públicas, principalmente as periféricas, os alunos vão a escola para se alimentar. Uma parte considerável deles têm uma série de problemas na família, que vão desde o abandono do pai ou da mãe (ou de ambos) até dificuldades financeiras e de deslocamento para a escola. A chance de uma escola nessas condições ter o IDEB baixo é maior do que em outras escolas, pois é evidente que todos esses fatores atrapalham e muito a aprendizagem das crianças.

3) Uma placa na porta da escola com essa nota pode levar às seguintes situações:
3.1 - As crianças podem se sentir constrangidas ao adentrarem em sua escola com uma placa pendurada dizendo que sua escola tem nota 2 em uma escola de 0 a 10. Serão sempre comparadas às crianças de outras escolas. Diria, de forma modernosa que isso poderia ser até "bullying" (Tá certo, forcei um pouco, mas é que essas coisas me deixam indignado).
3.2 - Os pais podem querer tirar os seus filhos de lá, para procurar outra escola com maior nota do IDEB, desconsiderando que a nota obtida não é culpa da escola nem dos professores, mas de todo um sistema social que exclui parte da sociedade e tenta culpar o professor pelas suas mazelas. Isso gera uma concorrência desnecessária, já que escolas não devem competir pelo aluno. Ainda pode-se causar uma evasão da escola considerando-se o fato dos pais acharem que a escola é ruim.
3.3 - Os pais não precisam achar que a escola é ruim. Tanto a rede pública quanto o sistema particular de ensino do Brasil É MESMO fundamentalmente ruim, como mostram as próprias avaliações governamentais.
3.3 - Melhorar a nota do IDEB não é uma função primordial da escola ou dos professores, como querem fazer transparecer colocando as danadas das placas. O governo é quem tem que propiciar condições estruturais e sociais para que essa escola cumpra verdadeiramente seu papel. 

COLOCAR UMA PLACA NA PORTA DA ESCOLA ME CHEIRA A TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADES. "VIREM-SE SENHORES PAIS. PROCUREM ALGO MELHOR."

Ou seja, ao invés de investir em escolas confortáveis, reduzir o número de alunos por sala, PAGAR bem o professor e dar a este condições mínimas de trabalho, o que nossa "equipe de educadores" faz? Pendura uma placa na porta da escola para falar para os pais o quanto eles próprios estão fracassando em suas obrigações como governantes e com os impostos arrecadados. Lindo isso.

Finalmente, não sou radicalmente contra o IDEB desde que ele seja um mecanismo governamental de avaliação em quais escolas ou áreas educacionais há problemas estruturais e como melhorá-las. Mas nunca como mecanismo de classificação.

Placas na frente da escola. Mecanismo de classificação. Transferência de responsabilidade.

Menos placas. Mais ação. 

É isso.




quarta-feira, 29 de agosto de 2012

SOBRE A PROPOSTA DE FUSÃO DE DISCIPLINAS DO MEC

Goiânia - Ano II - 115

Olá Químicos e Agregados.

Recentemente, li uma reportagem sobre a fusão de disciplinas no ensino médio. A grosso modo, a proposta considera a fusão das disciplinas de Química, Física e Biologia em uma apenas, chamada de Ciências da Natureza e suas Tecnologias.

Os argumentos são o de sempre: é necessário maior interdisciplinaridade e tal fator facilita o entendimento da ciência como um todo pelos alunos e isso pode melhorar as notas no IDEB e no ENEM.

Não sou contra a interdisciplinaridade, mas é lógico e evidente que isso é mais uma proposta de reforma educacional que NÃO considera o que de fato é importante: professores da escola e a própria escola.

Desde há muitos milhares de aéons (fui longe agora), ao invés de promover mudanças que realmente impactam na melhor formação de nossos alunos, nossos governantes pensam no que? Em reformar o currículo.

Meu pai fez o primário. Eu fiz o 1o. grau e meu filho faz os anos iniciais. Sabe o que mudou? Nada.

Minha mãe cursou o colegial, eu e meu irmão cursamos o 2o. grau e meu filho cursará o ensino médio. Sabe o que mudou? Nada.

Agora vão nos prejudicar da seguinte maneira. Diminui-se a carga horária de Física, Química e Biologia e colocam uma carga menor e interdisciplinar de Ciências da Natureza. Vai dar errado. Por quê?

1) Até hoje, nem nós, formadores de professores, nem nossos alunos temos a exata ideia do que seja essa tal interdisciplinaridade. O máximo que fazemos é a multidisciplinaridade, que na verdade, é um arremedo da primeira;

2) Teríamos que mudar nossos cursos de licenciatura para essa nova visão. Se nós que somos da área de educação já temos dificuldade nisso (há zilhares de artigos que não me deixam mentir), imagina nossos colegas formados nas áreas de pesquisa básica. Não estou dizendo que são incompetentes. Estou dizendo da formação que tiveram e não vão mudar da noite para o dia;

3) Haveria a necessidade de formação continuada para milhares de professores para essa nova visão. Convenhamos, já é difícil fazer formação continuada dentro do ensino de química, imagina em ensino de ciências da natureza.

Finalmente, não é dificil saber o que há por trás dessa proposta. NÃO temos professores suficientes em nenhuma dessas disciplinas. Faltam, e muito, professores de Biologia, Química e Física, em torno de 200 mil, somando-se as três áreas. 

Assim, o que é mais fácil para nossos governantes no momento? 
Investir na formação de professores, na melhoria de seus salários e condições de trabalho? NÃO.
Tornar a profissão atrativa para os melhores alunos do ensino médio com um plano de carreira e um salário atrativo? NÃO.
Melhorar a estrutura das escolas? NÃO.

O mais fácil é diminuir o número de disciplinas e aproveitar os professores existentes e os poucos que ainda se formam. Isso, para mim, é uma manobra para contornar a deficiência na formação de professores que nós não vamos resolver em pelo menos 15 anos se não tornarmos a profissão atrativa. Eles não querem melhorar o ensino médio, querem dar um jeitinho na absurda falta de professores dessas áreas no Brasil.

É isso. Abraços a todos.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

SOBRE O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL

Goiânia - Ano II - 114

Olá Químicos e Agregados.

Continuando uma discussão sobre as cotas na universidade, O Blog do IQ UFG publica um texto da Profa. Dra. Anna Maria Canavarro Benite, construído exclusivamente para esse blog.


SOBRE O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL
Profa. Dra. Anna Maria Canavarro Benite*
Hoje, gostaria de convidá-los a pensar sobre a origem da cultura brasileira. Afinal quem somos nós?
Fato muito interessante acontece comigo todas as vezes que digo ou assino meu sobrenome. Benite de onde??? Qual sua descendência? Ora sou daqui mesmo, afro-brasileira e estudante de escola pública. Meu nome e sobrenome nasceram e se criaram nos terreiros de candomblé, nas rodas de capoeira do Rio de Janeiro, isto é, dentro das casas de meus avós, tios e primos, aos sons dos atabaques e berimbaus... E é desse lugar cultural que me posiciono, pois só se fala com maior argumento do lugar que se ocupa.
Por sua vez, a cultura brasileira, a minha, a sua cultura, bem como a de toda a América Latina é formada por uma estrutura triangular característica do período de colonização resultado da mescla de tradições ameríndias, européias e africanas. Porém, histórica e erroneamente o negro é visto como inferior e caracterizado de maneira negativa. A comunidade afro-descendente, ainda hoje, sofre com o preconceito, o descaso e a falta de oportunidades, fenômeno social esse que teve origem no contexto vivido desde a época da colonização.
            No Brasil, ainda persiste um imaginário étnico-racial que valoriza as raízes européias de sua cultura fazendo presente à desigualdade social e racial, bem como a desvalorização da religiosidade, estética, corporeidade e musicalidade africana.
A identidade cultural brasileira começa a ser construída após abolição (1889-1930) com a adoção da política de imigração adotada pelo Estado, com o intuito de apagar os sinais da miscigenação. Tais interesses foram disseminados por representantes e intelectuais da época os quais propagavam que com o decorrer do tempo a população brasileira iria embranquecer por meio do apagamento de uma memória social.
Este apagamento ocorreu apoiado em políticas de Estado adotadas na formação da chamada “identidade cultural heterogênea” que encontra no sincretismo e no multiculturalismo elementos operantes do mito da democracia racial. Por sua vez, a primeira geração de intelectuais que discute no Brasil as questões étnico-raciais tem em Gilberto Freyre seu maior expoente. Este inundou o imaginário dos brasileiros com sua obra descrevendo relações horizontais entre os senhores e escravos, uma sociedade sem conflitos, harmoniosa.
Mas o que é um mito?  O mito é expressão de negação e justificação da realidade negada. O mito é uma máscara capaz de subverter a realidade e adequá-la às necessidades “temporárias” de determinados grupos: a distorção colonial como contrapartida da inclusão de mestiços nos núcleos das grandes famílias.
Entretanto, as memórias africanas transformadas em solo brasileiro, insistem, persistem e resistem: o congado, a capoeira, o candomblé, o jongo, etc... Infelizmente a educação não tem sido local deste movimento.
            Diante desse cenário, está a escola concebida como um microcosmo da sociedade que tem o poder de interferir na formação do aluno e no seu posicionamento frente ao mundo. Apóio-me em Paulo Freire para afirmar que o homem é um ser histórico, constituído socialmente, que aprende por meio da interação com o seu meio: indivíduos pertencentes ao mesmo local e tempo. E, deste modo, a instituição escolar se constitui importante local de superação do mito.
            Importa que as ciências ensinadas em nossos bancos escolares se afastem da visão deformada de ciência branca, eurocentrica e masculina. Para isso, urge que tenhamos diferentes representatividades nos espaços de produção científica, espaços de desmistificação ou não.
            Gostaria de terminar parafraseando um querido amigo, professor Guimes Rodrigues, quando afirma que “num momento em que se busca, através da ciência genética, sacramentar a não existência de raças, a nós, negros, isso pouco importa, porque a raça negra é, para além da ciência, um conceito que fortalece a nossa identidade e imprime orgulho para enfrentar o racismo brasileiro”.
Não há como negar nossa construção histórica, esses são nossos limites sociais. Por outro lado, tenho uma boa notícia: não temos experiência histórica no Brasil com inclusão nas diversas instâncias sociais.

*Coordenadora do Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão-LPEQI

Como sempre, amplo espaço ao contraditório a quem quiser comentar. Sem ofensas ou xingamentos. Abraços a todos.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

AS COTAS PARA NEGROS NAS FEDERAIS

Goiânia - Ano II - 113

Olá Químicos e Agregados.

Esse fim de semana eu vi nos jornais o protesto de estudantes de escolas particulares contra a cota nas federais para negros e alunos de escolas públicas.

Vi todas as fotos da passeata. E vi também a quantidade de negros nessa passeata. Nas fotos que vi, nenhum.

E eu. Sou contra ou a favor? Vamos a um pequeno histórico de minha vida:

1) Quando eu cursei o primário, de 1a. a 4a. série, em uma escola pública na gloriosa cidade de Centralina - MG, éramos em média, 40 crianças na sala de aula. E havia o Nilton. Negro. Ou seja, 2,5% da sala.

2) Da 5a. série até a 7a. série, na mesma escola e na mesma cidade, vejam só, não havia mais o Nilton. Teve que abandonar para ajudar os pais na fazenda. Não havia mais o Nilton. Negro. 0% da sala.

3) Na 8a. série, já em Uberlândia - MG, cidade de mais de 600 mil habitantes, tive a sorte de estudar em uma das melhores escolas públicas da cidade. Minha sala tinha 43 alunos. Não havia Negros. 0% da sala.

4) Aí fui para o ensino médio. Já estudando à noite, pois tive que trabalhar. Do 1o. ao 3o. ano do Ensino Médio, éramos em média, 40 alunos por sala. 120 nos três anos. Total de negros: 3.De novo, 2,5% da sala. Impressionante é eu me lembrar do nome do Nilton e não me lembrar dos outros três do ensino médio. Minha memória recente tá horrível.

5) Depois, universidade. Entre 1992 e 1998 na Universidade Federal de Uberlândia, cursando Química, eu conheci uma quantidade "expressiva" de Negros, se comparados ao meu ensino básico: 5 (cinco), em um universo de quase 300 alunos, entre eles o Hélder, hoje, professor do curso de Química da UFU.

6) No mestrado e no doutorado na UFSCar, em um universo de quase 400 alunos, conheci 2 negros. Não, na verdade não fomos apresentados pois eram de outro laboratório. Eu os via na Química.

7) Já como professor aqui na UFG, o que vejo? Somos 40 professores. 4 negros. Somos 400 alunos, entre graduação e pós graduação e temos no máximo, 15 negros.

E por que eu escrevi isso tudo? Ora, segundo o banco de dados criado pela SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República) juntamente com a Faculdade Zumbi dos Palmares, 51% da população brasileira é constituída por negros. Uma diferença não muito significativa com os dados do IBGE (Cerca de 46%).

Ou seja, dá pra ver que a minha história não é muito diferente da maioria de nós, brancos, no país. Negros NÃO estão incluídos em nenhuma etapa do ensino formal no Brasil. Compare então as porcentagens da população com as porcentagens de inclusão na educação formal. Chega  a ser covardia.

Agora, pergunte-me de novo se sou ou não a favor das cotas? É claro que sou a favor.

Eu não sofri racismo na sociedade e na escola, em todos os níveis e em todos os momentos. Eu não precisei ouvir piadas ridículas e racistas desde o primário. Eu não fui preterido por professores brancos. Eu não fui preterido em times na educação física. Eu tive uma grande quantidade de oportunidades, inclusive em entrevistas de emprego. 

Se em algum momento você acha que isso tudo não influencia a aprendizagem de uma criança. Você realmente tem que rever seus valores.

Mas não sou especialista. Até sexta feira, uma especialista na área escreverá nesse blog.

Sempre abrindo espaço para o contraditório, lembrando a todos para não xingar ou ofender ninguém.

Abraços a todos. Ainda volto para falar das cotas para estudantes de escolas públicas.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

741 docentes...

Goiânia - Ano II - 112

Olá Químicos a Agregados.

741 docentes. Esse é o número de professores presentes na última assembleia de nossa categoria, no último dia 14 de Agosto de 2012. 

Foi um marco para o movimento docente. Muita gente falando que foi o recorde de presença de professores em uma assembleia da categoria. Pelo menos nos meus 10 anos de UFG.

E com esse tanto de gente presente, eu votei contra a continuação da greve. Tento esclarecer os meus motivos, para quem sabe, gerarmos uma discussão, ou vocês me mostrarem que estou errado, ou certo, é claro. 

Já adianto. Pensando melhor, nunca há certo ou errado em situações como essa...mas vamos lá.

1) Não me sinto mais confortável com DOIS sindicatos representando a nossa categoria. Isso nos divide e tal aspecto ficou muito claro nas assembleias e nos institutos e faculdades. Muitos dizem que é culpa do PROIFES que é um braço do governo e a intenção de sua fundação era essa mesmo: partir o movimento. Mas ninguém reclamou dos acordos anteriores que foram assinados pelo PROIFES entre 2007 e 2010, no qual a ANDES só veio a assinar depois.

2) De qualquer forma, a conduta do PROIFES dessa vez deixou mesmo a desejar. Penso que era o momento da união entre os dois sindicatos. Mas o PROIFES assinou um acordo dizendo que seus 15 pontos foram contemplados. Eu nunca vi e nem conhecia esses 15 pontos. E olha que tento me informar de tudo. 

3) As informações do ANDES também não são claras. Metade das informações são truncadas por ataques ao governo e a outra parte em ataques ao PROIFES. Esse lance de carreira única para o Magistério Superior e para o Ensino Básico me soa como desconhecimento das duas realidades.

4) Assim, não me sinto representado por nenhum dos dois. Ponto. Saliento que não desconsidero a tentativa do Comando Local em unir as duas correntes. Sem sucesso, é claro.

5) Greve, como movimento paredista, é parar tudo mesmo. Graduação, Pós Graduação, Pesquisa, Extensão, e tudo mais. Não me engano. Não se enganem. Não nos enganemos. Não paramos totalmente. Arrisco dizer que 85% da UFG (e me incluo) não parou todas as suas atividades. Varios projetos da UFG continuam funcionando. Mais da metade dos professores terminaram o semestre anterior. Por coerência, não posso votar para me manter em um movimento de greve, se não estou totalmente parado. Como sempre, só a graduação acaba se ferrando.

6) Fiquei muito triste, ao ver, na votação para continuidade ou não da greve, os votantes que aprovaram a continuidade da greve (379) comemorarem o resultado vitorioso (contra 267 que votaram pela não continuidade da greve) como se tivesse sido um gol. Vi professores pulando e socando o ar! Gritando palavras de ordem! Comemorando frente aos "derrotados" como se esses fossem pobres alienados e contra o "movimento". Ora, a democracia pressupõe o voto contrário. "Comemorações" como essa racham ainda mais o movimento. Não posso crer que haviam 267 professores manipulados pela ADUFG como alguns professores querem fazer parecer.

7) Não acho que a proposta final seja de todo ruim. Há pontos bons, que os dois sindicatos concordam. Por que não batalharam esses pontos em comum? Porque de forma partidária, os dois não se bicam, pois não há mais sindicato, há partidos políticos.

8) 379 + 267 + 1 abstenção = 646. Para 741 ainda faltam 95. Por que não votaram? Onde estavam? 

9) Perdi na votação. Democraticamente acato o que foi decidido e me mantenho em greve. Por respeitar muito dos meus companheiros que estão de fato comprometidos com o movimento. 

10) Concluo. Estou perdido em meio às informações dos dois lados. E mais, em ambos há erros no cálculo e tentativa de distorções. Isso se vê também na assembleia. 

11) Antes de me crucificarem, não pensem que não sei dos problemas da educação, do descomprometimento do governo etc e tal. Não sou alienado e quem me conhece sabe que sou comprometido. A questão de fundo aqui é outra e claro, não se encerra nesse post.

11) Aguardo o dia 28, e até lá, tento saber se de fato essa proposta do governo é boa ou ruim, pois, pelas informações dos sindicatos, não dá para saber. Ou sou muito burro mesmo. Pensando que muita gente que respeito é a favor da continuidade da greve, definitivamente, sou burro mesmo.

Sem ofensas, xingamentos e tudo mais, podem ficar a vontade para comentar.

Abraços a todos.





quarta-feira, 11 de julho de 2012

SOBRE CIDADÃOS E CIDADANIA NAS FÉRIAS

Goiânia - Ano II - 111

Olá Químicos e Agregados.

Hoje fui ao Mutirama com meu filho Rodrigo. Bom, para quem não sabe, o Mutirama é um parque de diversões da Prefeitura Municipal de Goiânia. Gostei do parque e tudo mais e é uma boa opção de lazer para as famílias.

Mas não vou falar disso. Fiquei chocado com uma série assustadora de atitudes de várias pessoas presentes no parque, especificamente nas filas que levam a cada um dos brinquedos e perto das lanchonetes.

Vamos ao primeiro caso, para que todos entendam minha indignação:

1) Estava eu e Rodrigo em uma enorme fila para um brinquedo concorrido em um sol escaldante. À minha frente, uma mulher, de 35 anos, acho eu. Quando faltavam umas 10 pessoas para que nós chegássemos ao brinquedo, eis que aparece o marido dessa mulher, com mais 4 crianças. Eles chegaram e ficaram, claro, na nossa (minha e do Rodrigo) frente. Eis que de forma, como sempre, chata, começo um diálogo:
- Pessoal, com licença. Eu e meu filho estamos na frente de vocês. 
A mulher vira para mim e diz:
- Não. É meu marido e meus filhos, eles estavam em outro brinquedo e eu estava nessa fila, guardando o lugar.
Eis que eu disse:
- Não me entenda mal. Eu estou há 20 minutos na fila, para brincar NESSE brinquedo, enquanto os seus filhos estavam em outro brinquedo. Veja bem, agora, eles se divertiram no outro brinquedo enquanto eu estava na fila com o meu filho e de repente, eles chegam para brincar em um brinquedo sem esperar um segundo sequer na fila. É justo?
Ela me respondeu, séria:
- Claro que é. Eu também esperei os mesmos 20 minutos que o senhor esperou.
Não me calei:
- Mas é onde quero chegar. Isso não é cidadania. Eles têm que saber que estão levando vantagem indevida sobre os demais cidadãos aqui presentes, por mais boa vontade que os senhores tenham como pais.
Ela tentou terminar:
- Não acho que fiz nada de errado. Respeitei a fila.
Tentei terminar:
- Ok. A senhora respeitou mas os seus filhos, não.
O marido puxou ela pelo braço e ficou entre nós, de costas para mim. 
Claro. Ficou de costas para a cidadania.

Vamos ao caso 2:

2) Fomos tomar um lanche. Contei pelo menos 4 ou 5 latas de lixo, próximas, fora as latas de lixo das próprias lanchonetes. E havia também uma quantidade enorme de lixo espalhado no chão, nos bancos e perto das latas de lixo e elas não estavam, logicamente, nem pela metade. Eis que ouvi uma conversa entre mãe e filha:
- Espera, mãe, tô terminando a pipoca.
- Anda, filha, vamos ao brinquedo, se não a fila fica grande.
- Peraí, vou jogar o saquinho no lixo.
- Não filha, joga em qualquer lugar, tem gente pra limpar isso depois, anda logo.

Bom. Penso que dispensa maiores comentários.

Juntando os dois casos. Essas pessoas acham, acreditam, tem certeza que estão certas. Não vêem erros ou falhas em suas ações. Isso acontece porque cresceram e vivem em um ambiente no qual pequenas vantagens sobre as demais pessoas parecem uma coisa normal a ser ensinada, para que de alguma forma: "meu filho não fique para trás em relação aos demais". Não entendem o conceito básico de cidadania em que cidadãos de fato são aqueles que respeitam outros cidadãos. Essas pequenas infrações (e tenham certeza, vi várias e várias durante esse dia) não são consideradas, digamos, erradas. Algo como: "enquanto você deu uma volta na roda gigante, eu dei duas e dei uma descida no tobogã, eheheheh". E dormem tranquilas.

Não podemos dormir tranquilos com isso. O respeito deve vir da família e se ela não consegue fazer isso ou confunde o respeito com vantagem, estamos fadados ao fracasso como sociedade.

Exigir que esse tipo de cidadania seja ensinado em sala de aula é importante, mas retira a responsabilidade da cidadania, da formação do cidadão do cerne da sociedade: a família.

E é um ciclo vicioso, pois sabemos que vários professores ensinam exatamente a forma mais exata de burlar e levar vantagem na sociedade.

Como acabar com isso? Educação de qualidade. Valorização do professor. Ué! Mas eu não acabei de dizer que o cerne é a família? Que é responsabilidade demais da escola?

Ora gente, e em que lugar esses filhos dessas mães dos casos acima podem vir a aprender alguma coisa sobre cidadania? Com a mãe? Com o pai?

Com o professor, sim. Felizmente (ou infelizmente?). Por isso é importante que professores também sejam formados cidadãos, de modo a formarem cidadãos, em nosso caso, utilizando-se do saber de conteúdo específico de nossa área: a química.

Sem isso, estamos mesmo fadados ao fracasso como sociedade. 

Termino com algumas frases de família, presentes na série Guerra dos Tronos, bem popular nos dias de hoje:

Casa Stark = "O inverno está chegando".
Casa Targaryen = "Fogo e Sangue".
Casa Lannister = "Ouça-me rugir".

Casa SOARES = "Nós não cortamos fila".

É isso.


sexta-feira, 29 de junho de 2012

SEXTA FEIRA DA CANÇÃO XV

Goiânia - Ano II - 110


Olá Químicos e Agregados.


Agora, que o governo se recusa a conversar conosco, como em um caso de amor ferido, de coração de vidro, o Sexta Feira da Canção volta com uma homenagem a esse amor bandido.


Música: Heart of Glass - Blondie.


É velhinha, como sempre, mas é boa...

sexta-feira, 8 de junho de 2012

UFG E A GREVE: DA CIVILIDADE ATÉ A BADERNA

Goiânia - Ano II - 109

Olá Químicos e Agregados.

O post anterior, sobre a greve na UFG gerou uma boa discussão entre os leitores do blog. Importante lembrar que NÃO censuro nenhum tipo de comentário e deixo a aba de comentários com o item Anônimo aberto, para facilitar a discussão. Peço sempre, que para mantê-lo aberto, as pessoas se identifiquem e que sejam educadas e sensatas para que não façam ofensas ou críticas gratuitas aos outros leitores e ao próprio blog. Caso ainda assim não queiram se identificar, favor não fazer críticas gratuitas. Não quero ter que moderar comentários. A ideia do blog é ser aberta a qualquer crítica e discussão.

Muitos leitores, alunos, professores que andei conversando de ontem para hoje estão muito divididos em relação aos acontecimentos da última assembleia. Houve violência? A greve é legítima? Sim. Eu entendo que sim. De duas maneiras.

A primeira foi a violência do sindicato para com os professores. Éramos mais de 400 professores filiados, com o tal do papelzinho verde, aptos a votar. A diretora do sindicato não precisava ficar insistindo no mantra do "vamos sentar e dar lugar para filiados" e tudo mais. Todos, há mais de dois anos em negociação e tensos pelo descumprimento do acordo por parte do governo federal, mais ainda, pela retirada da nossa inslubridade do vencimento básico, estávamos ansiosos para que a assembleia começasse logo. A demora acirrou ainda mais os ânimos. Deu no que deu e depois a diretoria abandonou a assembleia com mais de 400 professores, como se fôssemos, sei lá, gado.

A segunda foi a violência física de tomada de microfones e invasão do espaço da mesa diretora. Repudio veementemente tal atitude, assim como repudio a violência anterior. Uma coisa não justifica outra.

E por que afinal de contas, chegou-se a esse ponto? Porque temos duas representações nacionais, ANDES e PROIFES que ao invés de juntarem suas forças, digladiam-se a quase uma década pelo direito de representar os docentes. Parte do empurra-empurra ontem tem origem nessa rusga. Recomendo que os leitores se interem sobre isso, porque a história é longa. Há claro, aspectos políticos e econômicos envolvidos nisso, não somos tolinhos.

Por outro lado, o governo federal vem incentivando essa luta para nos enfraquecer. Por causa daquela cena, somos agora vistos como baderneiros e não civilizados. Não. Não somos baderneiros e nem sem civilização, mas sim, estamos nos tornando ansiosos,  no limite, sem razão e brigando uns com os outros. Chegando na assembleia foi possível sentir o clima dos presentes. A ansiedade beirava o insuportável (exagerei?). Queríamos decidir logo o rumo da nossa luta, pois o tempo está passando e não fazemos nada.

O salário defasado há 4 anos, aumento abaixo da inflação, emagrecido com a retirada da insalubridade e a insistência do governo em protelar a negociação cada vez mais. O governo propaga aos sete ventos o quanto somos importantes para o futuro da nação, mas somos a categoria do executivo com o MENOR salário.

Deu no que deu. Entendam. A violência e a baderna não se justificam, mas os ditos civilizados que nos governam não conseguiram ou não querem enxergar que os docentes querem um rumo, pois tudo que está acontecendo e parece ser proposital por parte desses civilizados, está nos enfraquecendo e nos deixando sem esse rumo.

Por isso, acho a greve legítima. Um número muito grande de professores, finalmente com um rumo só, um caminho, pensando de forma unida. Agora, é arrumar o resto, aparar as arestas. Mostrar civilidade e procurarmos uns aos outros para termos esse rumo de forma conjunta.

Os alunos nos mostraram isso no dia da assembleia, com um forte apoio. Na saída da assembleia senti-me acolhido por eles.

Chega de vídeos. Há vários deles. Cada um vai mostrar uma coisa. "Foi culpa de um! Foi culpa do outro!" Não é mais hora disso. É hora de um caminho só.

É isso.