segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

SOBRE DIREITO DE GREVE

São Carlos - SP - Ano II - 103

Olá Químicos e Agregados.

Faço uma pergunta para todos. O que é uma greve? 

Simples: os trabalhadores param suas atividades, de forma voluntária e COLETIVA, esgotadas todas as formas de negociação. E sou testemunha de como os professores tentaram negociar com o governo, mostrando a ele o absurdo de uma lei que achata salários. 

Vi os professores pressionando os seus "representantes eleitos pelo voto(?)" durante manifestação na assembleia e principalmente, vi a proposição de uma lei, descida goela abaixo pelo governo do estado, SEM ouvir a classe interessada, destruindo um plano de carreira, em favor de uma meritocracia que não têm mérito, acirra a competitividade na escola e é mascarada como aumento. Eu não falo isso porque sou ligado a algum partido. Eu sei ler. Li o projeto. Só isso. Eu sou ligado aos professores, porque sou um professor. Eu formo professores. Eu não desisto deles. O estado, sim.

Isso não seria um movito para tais paralizações, já que se esgotaram as negociações?

Quando todas as tentativas são utilizadas e o trabalhador não é ouvido em suas reivindicações ou ele é enganado de forma descarada, ele tem sim direito a greve. Nossa constituição garante isso:

"Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender."

O interesse aqui é claro. Devolvam o plano de carreira, não achate o salário e pare de nos enganar com a "enganocracia". Mas temos os parágrafos desse artigo:
 
"§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade."

A educação foi definida por lei como atividade essencial. Uma atividade inadiável para a comunidade. Assim, a greve dos professores do estado de Goiás foi considerada ilegal (????).

Ou seja. Fica quieto, ganhando pouco e não reclame, porque a atividade essencial não pode parar. Notaram como a lógica é invertida? Se é essencial, não deveria ser valorizada?

Ilegal, meus amigos, deveria ser um secretário economista que acha que entende de educação ser secretário da educação.  Ilegal, deveria ser um livro sobre educação que não cita ninguém, ser usado como pseudo referência. Ilegal, deveria ser a fome. Ilegal, deveria ser o professor ter que pegar 4 ônibus por dia para ir trabalhar. Ilegal, deveria ser o transporte público que esse professor pega para ir trabalhar. Ilegal, deveria ser um profissional com título de mestrado ganhar 2200 reais por mês, menos que: policial, bombeiro, cabelereiro, vendedor de roupa e mais umas 200 profissões diferenciadas. Entendam, não estou desrespeitando essas profissões. Elas não pagam de fato muito bem, é o professor que ganha muito mal. É simples. E lembrem-se, estou me referindo a um profissional com MESTRADO, altamente especializado, no qual foram investidos mais de 300 mil reais em 2 anos.

A retórica de que o professor parado prejudica o aluno não me convence. Se as nossas autoridades não querem ver a população prejudicada, que tenha coragem política para fazer uma revolução de verdade na educação.

JÁ DISSE ZILHÕES DE VEZES, EM SALA DE AULA, EM ARTIGOS. A SOLUÇÃO ESTÁ NA VALORIZAÇÃO DA PROFISSÃO. NA VONTADE POLÍTICA. Enquanto estiver assim, cada vez menos jovens procurarão a docência.

Essa revolução de mentirinha, faz-nos lembrar que isso na verdade é um golpe.

Golpe. Foi isso que o professor tomou na boca de seu estômago ao ter seu direito de greve como algo ilegal.

Foi dito a ele na forma da lei:"Fique quieto, faça seu trabalho. Respeite o cidadão. Ganhe pouco. Contente-se. Tá achando ruim? Caia fora. Imbecil."

É fácil enxergar só um lado da moeda. E a moeda do professor, para esses caras, é um centavinho muito atarracado.

Eles NÃO têm o nosso respeito. Não devem tê-lo nunca. Não votemos neles.

É isso. Com todo respeito, "meritíssimo".

Post Scriptum: "NÃO COMPRE O DIÁRIO DA MANHÃ."